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Portuguese |
RENASCIMENTO
DA ESTRATÉGIA
As velhas abordagens estratégicas já não se
aplicam. nem certos conceitos tradicionais da gestão. chegou a hora do
renascimento estratégico: mais científico, sofisticado, criativo e orientado
para os resultados.
Por Evan
Dudik |
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A sua empresa pode estar à beira de um
precipício. porque se limita a imitar a atitude estratégica dos
concorrentes, porque opta por sessões de brainstorming intermináveis com
consultores ou porque muitas das suas ideias revolucionárias são abafadas pela
cultura organizacional e pela forma tradicional de actuar. Durante muitos
anos, os grandes líderes, executivos e estrategos procuraram nos livros as suas
estratégias de sucesso. Estes explicam os conceitos recorrendo a case studies de
empresas conhecidas. Porém, o problema é que estas estratégias são
cuidadosamente escolhidas, no intuito de comprovarem a veracidade das teorias
defendidas pelo autor da obra. Neste contexto, ignoram-se os casos de empresas
de sucesso, só porque não se adequam à estratégia delineada. Definitivamente, os
exemplos não são lei. Em vez de tentar descobrir provas para uma teoria
preconcebida, deve tentar refutá-la. Só assim conseguirá comprovar a sua
veracidade e saberá se a estratégia de negócios pela qual optou é a correcta.
Ter como ponto de referência a actuação dos concorrentes atrofia as
empresas. A era da vantagem competitiva sustentável chegou ao fim. Para
desenvolver uma estratégia ganhadora você deve continuar a tentar diferenciar-se
dos seus concorrentes — é isso que marca a diferença —, mas a sustentabilidade é
cada vez mais difícil de manter. A McDonald’s, por exemplo, face à concorrência
de outras cadeias alimentares, optou por descer os seus preços e lançar novos
produtos. Ambas as estratégias falharam. O sucesso só voltou a sorrir quando
tomou medidas mais firmes: a aposta no segmento infantil e no merchandising
ligado à indústria do entretenimento, nomeadamente aos filmes da Disney e de
outros estúdios de cinema. Hoje em dia, nenhum produto está a salvo de
imitações. Os preços baixos também não são garantia de uma vantagem comparativa
sustentável, sobretudo devido à Internet: a comparação de preços online faz com
que ganhem momentaneamente os produtos mais baratos, porém, no minuto seguinte
pode aparecer outra empresa que desça ainda mais os preços, mesmo que de um modo
irracional. Em suma, estamos perante o declínio da vantagem competitiva
sustentável e de outras velhas regras da estratégia e da gestão. Muitas das
variáveis de diferenciação utilizadas no passado estão a desaparecer. Os
culpados? A tecnologia, os novos canais de distribuição, a comunicação e a
globalização. A nova era do renascimento estratégico aconselha-o a traçar a
sua própria rota, seguindo um caminho semelhante ao proposto em seguida.
1 Aproveite as oportunidades Afinal, o
que substituirá a vantagem competitiva sustentável? A criação e exploração de
novas oportunidades. Para o conseguir, há que seguir quatro passos
fundamentais. Criação e
descoberta. Na maioria das empresas, a melhor abordagem de criação e
descoberta de oportunidades parte da geração de muitas hipóteses estratégicas,
no seu teste e modificação, para que se tornem mais precisas. Porém, a teoria é
bem diferente da prática. Normalmente, as empresas e os seus consultores optam
por uma estratégia que consideram perfeita, sem realizarem qualquer tipo de
teste. O que os responsáveis pelo planeamento nas empresas deveriam fazer seria
transformar a empresa num laboratório de experiências estratégicas; é a única
forma de evitar a armadilha de se preocuparem apenas com a confirmação das
evidências, ignorando tudo o resto.
Reconhecimento, penetração e exploração. Nesta fase, há que
analisar cada hipótese testada, procurando descobrir o que poderá ser um
sucesso, um provável sucesso ou um fracasso. Deve então proceder-se a um
realinhamento de recursos — humanos, materiais, financeiros, etc. — para a
exploração de uma oportunidade que valha a pena. Consolidação. Inicia-se
nesta fase o retorno do investimento. É aqui que uma estratégia de comprovado
mérito começa a dar os seus frutos. Está finalmente na altura de passar o
projecto ou os produtos aos gestores menos experientes. Entretanto, os
responsáveis pela criação e exploração da oportunidade estratégica podem começar
a preparar a fase seguinte.
Desmontagem e reciclagem. Até a estratégia mais brilhante,
melhor testada e cuidadosamente implementada terá um dia o seu fim. Em vez de
procurar mantê-la viva o maior tempo possível, será mais salutar optar por
«desmontá-la». Para isso, continue a testá-la até encontrar os seus limites e
anomalias. Em seguida, reorganize os activos utilizados na estratégia antiga, de
forma que se adeqúem à estratégia renovada. Lembre-se de que o teste e a procura
de uma refutação da actual estratégia nunca acabam. A criação e a descoberta de
oportunidades actuam num ciclo contínuo... e o mundo evolui demasiado depressa,
não permitindo sequer que as empresas de maior sucesso parem de renovar todas as
suas funções
estratégicas. 2Gere e teste novas ideias Ter
ideias pode parecer complicado e restrito apenas às pessoas mais criativas, mas
não é bem assim. A mente também pode ser incentivada a gerar um vasto leque de
ideias, entre as quais estará aquela que lhe abrirá as portas do sucesso. O
segredo da criatividade consiste em utilizar as ferramentas e técnicas
adequadas, das quais se destacam as seguintes. Executivo em acção. Tire os administradores do
escritório e coloque-os no «campo de acção», junto dos clientes. Grande parte
dos executivos são brilhantes, diligentes e perfeitamente capazes de gerar
ideias, quando confrontados com os clientes, porém, isolados nos seus gabinetes,
perdem a sensibilidade em relação às verdadeiras necessidades do
mercado. Focus group. Gerar
ideias em grupo é uma óptima opção. Os focus groups obrigam as pessoas a pensar
e fornecem a matéria-prima para as ideias anonimamente. No entanto, não os
utilize para testar as suas hipóteses, porque poderá condicionar a livre
criatividade. Alvo alargado. Crie
um alvo aparentemente impossível de alcançar em termos de quota de mercado,
rentabilidade, produção ou custo. Desafie a equipa a imaginar como poderia
alcançá-lo. Ao forçar as pessoas a alargar as suas ideias, estará perante
soluções que nunca veriam a luz do dia, caso os seus objectivos fossem mais
modestos. Após a geração das ideias, procede-se ao seu teste, para se
formularem as alternativas estratégicas. Como num tribunal, cabe aos apoiantes
da ideia agirem como advogados de defesa, enquanto os oponentes serão os
promotores públicos. Cada uma das alternativas estratégicas inclui quatro
elementos. Pressupostos. São
factos com que todos concordam, por exemplo, a empresa estar a perder quota de
mercado. Lógica da estratégia.
É o encontro do «se» com o «então», ou seja, das condições com os
resultados. Factos. Reiteram a
lógica da estratégia. Por exemplo, comentários dos clientes ou estudos de
mercado. Refutação. São
refutados os argumentos «contra» dos «promotores públicos» e escolhidas as
melhores
alternativas. 3Tome as decisões certas Se a sua
alternativa estratégica sobreviveu ao julgamento, então está pronta a ser posta
em prática. Nesta altura devem ser tomadas algumas decisões, tais como a
alocação dos recursos para que se possa tirar partido das ideias. É o derradeiro
teste do mundo real, através da implementação estratégica. Este é o momento
em que é necessário o comprometimento de todos os recursos. Chegado a este
nível, torna- -se crucial que se centre na mobilidade dos activos utilizados
para explorar as inúmeras oportunidades, bem como na criação de reservas,
sobretudo financeiras. A mobilidade dos activos está obviamente relacionada com
a flexibilidade e a adaptabilidade dos mesmos. Para ter sucesso, uma empresa
necessita da execução vigorosa de uma estratégia robusta. Uma implementação de
sucesso acarreta duas exigências à própria cultura empresarial. Por um lado,
esta deve ser suficientemente confiante para se mostrar corajosa e fértil na
criação de ideias, mas, simultaneamente, severa e austera no seu teste. Por
outro lado, deve ser forte e, ao mesmo tempo, flexível, mostrando-se preparada
para agir ofensivamente em certas áreas e defender-se obstinadamente
noutras. O problema de várias empresas é que ainda ignoram estratégias que
poderiam sair vencedoras porque estão presas a rotinas. Neste caso, cabe à
gestão de topo compreender o ciclo da geração, implementação e exploração das
hipóteses estratégicas.
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Elementos-chave da
ESTRATÉGIA | |
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O
SUCESSO DE UMA EMPRESA depende de muitas variáveis. É impossível
estabelecer um modelo padrão para todas as estratégias. Como tal, os elementos
seguintes não constituem uma fórmula de sucesso, mas são linhas de orientação
muito úteis.
Hipótese estratégica. A primeira linha
orientadora visa a criação de uma hipótese estratégica sobre algo crucial para a
sua empresa. Pergunte-se a si mesmo: «Será que a estratégia adoptada é vital?»
Se a resposta for sim, questione-se acerca do que seria ainda mais vital.
Conseguirá ir directo ao que a sua empresa necessita para criar uma estratégia
de sucesso.
Condição «se/então». Uma estratégia de
negócios não é senão uma previsão sobre o comportamento futuro dos mercados,
consumidores e competidores e o modo como este comportamento poderá ser alterado
pela sua actuação. A sua estratégia deve, por isso, ser condicional, ou seja, o
«se» estabelece as condições para obter o resultado esperado e o «então» visa
esses resultados. Quanto maior for a sua precisão no estabelecimento das
condições e dos resultados, mais testável se torna a sua
estratégia.
«Eixo» e «martelo». Os exércitos de
sucesso concentram as suas forças num «ponto crítico». É designado «martelo», ou
seja, a área das jogadas ofensivas contra os concorrentes. Mas o «martelo»
depende de um «eixo», isto é, de uma zona de defesa e de apoio que permita
canalizar os recursos e a força para o «martelo». Ao ser largamente defensivo,
você assume que despende um esforço menor a defender a sua posição no campo de
batalha (ou a sua marca nas prateleiras das lojas) do que no ataque (ou na
criação de uma nova marca).
Princípio da
complementaridade. Uma estratégia de negócios precisa de ter em conta
os elementos que actuam como agentes complementares às actividades da empresa e
que a
apoiam. | |
5 Segredos de uma Equipa de
SUCESSO |
A chave do
sucesso para uma nova estratégia reside no comprometimento das pessoas
envolvidas. Eis as condições necessárias para criar uma boa
equipa. Reúna o menor número de membros possível. Poucos, mas
bons! Para
as posições principais e de maior responsabilidade, escolha elementos com uma
formação ou experiência mais abrangente e generalista. Dê à equipa objectivos comuns,
concretos e fortes, transformando a fé individual em fé
colectiva. Exclua os membros em quem não confia. Crie barreiras à saída dos elementos
seleccionados para a
equipa. | | |
Condensado de Strategic
Renaissance, de Evan Dudik. © 2000 by Amacom. Publicado com a permissão
de Amacom, uma divisão da American Management Association. Adaptado por Sara
Fonseca.
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